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João Filgueiras Lima - o Lelé

        Desde o mais jovem estudante até os decanos arquitetos reconhecem a força da obra de Lelé. Pode-se eventualmente discordar de suas formas, múltiplas e com diferentes expressões, mas é fato que no dia 21 de maio de 2014 um importante nome da arquitetura saiu de cena.

            Sua trajetória é conhecida: jovem arquiteto decidiu fazer as vezes de pioneiro e enfrentar Brasília em nome da empresa para qual trabalhava. Diante do cerrado, das formas de Niemeyer e do dia a dia desafiador (e cruel) dos canteiros da nova capital, selou a sua formação com uma sensibilidade plástica aliada ao pragmatismo construtivo.

            Esse amálgama o levou a se interessar pelas técnicas construtivas industrializadas. Após viagens de pesquisas e experiências iniciais em Brasília, pouco a pouco foi se tornando uma autoridade em tecnologias pré-fabricadas e estratégias de otimização do canteiro.

                Sua obra ganhou contornos memoráveis graças a três aspectos. A primeira foi pela insistência cabal em trabalhar para a iniciativa pública. Esta decisão o levou a desenhar secretarias, monumentos e sistemas de drenagem em diversas partes do País, despachando de sucursais nomeadas com siglas indecifráveis e, frequentemente, frustrando-se diante das reviravoltas políticas brasileiras.

         O segundo aspecto deu-se no campo das técnicas construtivas: o interesse por modos econômicos e de fácil manipulação o levou ao aperfeiçoamento da argamassa armada, uma espécie de cimento com armadura homogênea, que pode ser utilizada em componentes e peças leves em diversas fases da obra. Na história da arquitetura brasileira, essa técnica e a contribuição de Lelé são indissociáveis.

            Enfim, destacou-se pela área na qual desenvolveu grande parte de seus projetos: a hospitalar. Sua relação com a Rede Sarah Kubitschek lhe permitiu desenhar uma série de instalações feitas a partir de componentes produzidos em uma fábrica própria, na qual pode ter autonomia e recursos para explorar um vocabulário expressivo e eficiente.

           A ousadia de Lelé pode ser contemplada em São Carlos, em 2003 ele doou o projeto do Hospital Escola para a cidade. No projeto além de percebermos os traços característicos de sua obra, podemos perceber ainda a preocupação com o sistema de ventilação e iluminação naturais.

 

 

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